Lisboa tem mais de 300 dias de sol por ano (dizem), azulejos por todos os lados, vinhos bons e baratos e uma gastronomia de dar água na boca só de ler o cardápio!
Animou? Então confira essa sugestão de roteiro para 4 dias na cidade (e opções nos arredores caso tenha mais tempo). Fique a vontade para adaptá-lo ao seu ritmo e suas preferências. Boa viagem! 🙂
Muita coisa pode ser feita a pé (prepare-se para as ladeiras), mas o transporte público também funciona bem e cobre a maior parte da cidade. É preciso comprar um cartão chamado Viva, vendido nas máquinas do metrô por 0,50, e então adicionar créditos conforme precisar ou pegar outras opções como o passe de 24h. Confira mais informações no site do metrô.
Aqui está um mapa do metrô de Lisboa. As linhas verde e azul são onde se concentram a maior parte dos pontos de interesse e a vermelha é a que leva ao aeroporto.
Dica: Ao sair do aeroporto, não pegue o taxi oficial, prefira Uber ou o metrô. São bem frequentes os casos de taxistas que enganam os turistas.
Ah, os nomes dos meios de transporte aqui são um pouco diferente, aqui estão alguns dos principais:
- Comboio = Trem
- Autocarro = Ônibus
- Metro (fala-se métro) = Metrô
- Elétrico = Bonde
Dia 1 – Baixa de Lisboa
Sugiro começar a explorar Lisboa pela região do Chiado! Você pode descer na estação Baixa-Chiado do metrô (saída Rua Garret) e já sairá de cara com o Café A Brasileira. Fundado em 1905, o local era ponto de encontro de artistas e intelectuais como Fernando Pessoa, que ganhou uma estátua em sua homenagem.
Logo ao lado fica a Praça Luís de Camões, “porta de entrada” para as ladeiras do Bairro Alto.
As ruas do Chiado estão repletas de lojas com fachadas históricas deslumbrantes! Eu sei que é difícil não andar olhando para o chão com medo de escorregar nas lindas e traiçoeiras pedras portuguesas, mas tente reparar nesses detalhes.
Ao descer a Rua Garret, você verá à sua direita a livraria mais antiga do mundo ainda em funcionamento. Embora não aparente, a Bertrand surgiu em 1732 e entrou para o livro dos records em 2011.
Desça até a Praça do Comércio, junto ao Rio Tejo. Dela você pode admirar o Arco Triunfal da Rua Augusta e os simpáticos edifícios amarelos que hoje são parcialmente ocupados pelo governo, dividindo espaço com cafés e restaurantes.
É possível subir no Arco para ter uma vista 360º da cidade. Confira os horários e compre o ticket aqui.
Não deixe de provar o sensacional pastel de bacalhau recheado com queijo da Serra da Estrela!!! Não é nada barato, mas é incrivelmente delicioso! Vai encontrar tanto na Rua Augusta quanto na Praça do Comércio.
Volte pela Rua Augusta até a Praça do Rossio, a praça central da cidade! Ali perto confira a maravilhosa fachada da estação de trem do Rossio e caminhe pela Rua das Portas de Santo Antão.
Nessa região ficam as duas tradicionais casas de Ginjinha de Lisboa! Escolha entre a Ginjinha sem Rival e A Ginjinha e experimente esse típico licor feito a partir da ginja, um tipo de cereja portuguesa.
Se quiser, suba pelo Elevador de Santa Justa até o Largo do Carmo, onde ficam as ruínas do Convento do Carmo.
Para o fim da tarde indico o Miradouro de Santa Catarina! Todo dia no horário do pôr do sol há bandas ao vivo tocando na praça. Você pode comprar uma taça de vinho ou uma Imperial (vulgo chopp) e ficar ali apreciando a vista do Tejo e da Ponte 25 de Abril.
Outra opção legal para o pôr do sol é o Park Bar, um rooftop que fica escondido no topo de um prédio de estacionamento. Os preços são um pouco mais altos e a vibe é mais arrumadinha, mas a vista também é espetacular!
À noite as ruas do tradicional Bairro Alto ganham vida!
Se a ideia é só beber, há inúmeras opções, dos mais sofisticados aos estilo boteco! Mas se quiser um lugar gostoso pra petiscar, indico o Pub Português. O espaço é agradável, o atendimento é bom, tem comidinhas gostosas e uma sangria deliciosa!
Se ainda tiver energia pode esticar a noite no Cais do Sodré. As baladas mais refinadas ficam à beira do rio, mas há também bares mais acessíveis na Rua Cor-de-Rosa – que na verdade se chama Rua Nova do Carvalho (olhe para o chão e entenderá o apelido! ;).
Veja aqui uma lista de restaurantes vegetarianos em Lisboa!
Dia 2 – Belém, LX Factory e Mercado da Ribeira
A região de Belém é um pouco mais afastada do centro, mas é lá que ficam alguns dos cartões postais de Lisboa! Dá para ir de trem, pegando a Linha de Cascais na estação Cais do Sodré, ou com o Elétrico 15, que sai da Praça do Comércio.
Uma boa opção é começar pela Torre de Belém e ir voltando a pé (ou de bike, patinete e afins). Construída na época dos descobrimentos para proteção da cidade, a torre em estilo arquitetônico manuelino (assim como o Mosteiro dos Jerónimos) perdeu com o tempo sua função de fortaleza e ganhou outras finalidades, como controle aduaneiro, farol e prisão política.
Após uma agradável caminhada pela beira do Tejo, chega-se ao Padrão dos Descobrimentos, que como o nome sugere, é uma homenagem às explorações marítimas portuguesas. O grande protagonista retratado na monumental obra é o Infante D. Henrique, que aparece ao lado de outros personagens importantes do período dos descobrimentos.
No chão, uma imensa rosa-dos-ventos traz em seu interior um mapa com caravelas indicando os caminhos percorridos pelos exploradores.
Logo atrás do Padrão dos Descobrimentos fica um dos lugares mais lindos de Belém, o Mosteiros dos Jerónimos!
Em 1502 Dom Manuel I, então rei de Portugal, mandou construir o mosteiro para receber os frades da ordem de São Jerónimo. A arquitetura, de estilo originalmente manuelino, passou a receber outras influências conforme o avanço das construções.
O mosteiro, junto com a Torre de Belém, fazem parte do Patrimônio Mundial da UNESCO.
É um espaço para visitar com calma e olhar cada detalhe, como as pilastras ornamentadas, o claustro central e os painéis do refeitório, com tradicionais azulejos portugueses narrando passagens da bíblia. A entrada no mosteiro custa 10 €.
Não deixe de conferir também a magnífica Igreja Santa Maria de Belém, ao lado do Mosteiro. É lá que estão os túmulos de Camões e Vasco da Gama e a entrada é gratuita!
Lisboa é praticamente sinônimo de Pastel de Belém, certo? Bom, sim e não. Aqui de fato o delicioso docinho está em todos os lugares, mas chama-se na realidade pastel de nata! O único que pode ser chamado Pastel de Belém é o da pastelaria (que não vende pastéis, mas sim pães e doces) de mesmo nome, bem ao lado do Mosteiro dos Jerónimos.
Para quem curte um programa diferente, a Lx Factory é o lugar! Uma área industrial revitalizada e modernizada que agora está cheia de restaurantes, cafés, lojas de design, espaços culturais e muita arte!
Minhas sugestões a não perder por lá: Comer um bolo de chocolate na Landeau, dar uma voltinha pela livraria Ler Devagar e tomar um drink no Rooftop do Rio Maravilha.
De Belém a caminhada é de aproximadamente meia hora, mas há também opções de ônibus e trem (estação Alcântara-Mar).
O recente MAAT (Museu de Arte, arquitetura e Tecnologia) também é uma opção pra quem tem mais tempo na cidade. Mesmo se a ideia não for entrar no museu, vale a parada pela arquitetura do prédio e a vista, especialmente na hora do pôr do sol!
Se quer um lugar gostoso e eclético pra terminar o dia, vá ao Mercado da Ribeira (ou Time Out Market)! O conceito é parecido com o do Eataly em São Paulo, um mix de mercado com restaurantes, com a diferença de que o foco é na cozinha portuguesa, claro! Apesar de serem restaurantes de chefs estrelados, os valores não são absurdos. Um prato sai em média entre 10 € e 15€.
Dia 3 – Alfama, Mouraria e Castelo
O dia pode começar pelas ruas da Mouraria! Desça na estação Martim Moniz do metrô e vá subindo em direção ao castelo. É um dos bairros mais antigos, e é interessante ver que o passado ainda é preservado, ao mesmo tempo em que grafites coloridos começam a ocupar os espaços históricos
Ao descer do metrô, estará na Praça do Martim Moniz, e de lá já se tem uma vista legal para o castelo! Essa praça é bem legal também para beliscar algo no fim do dia, já que tem várias barraquinhas com diferentes tipos de comida.
Entre pela Rua do Capelão e vá se perdendo pelas ruelas até chegar ao Largo dos Trigueiros, onde fica a tocante homenagem da artista Camilla Watson aos moradores da região. São fotografias dos idosos que ali vivem há anos, agora imortalizadas nas paredes do bairro.
Um pouco mais à frente, nos muros das Escadinhas de São Cristóvão, um enorme grafite coletivo homenageia o fado, que tem sua origem dividida entre Alfama e Mouraria.
É lá também que fica a Livraria Simão. Escondida atrás de uma pequena porta, ela ganhou o título de menor livraria do mundo! Verdade ou não, não deixa de ser um lugar peculiar!
Se não quiser encarar toda a subida, pode encurtar o caminho até o Castelo subindo as recém colocadas escadas rolantes na Praça do Martim Moniz ou pegar o famoso Elétrico 28.
O Castelo de São Jorge é uma das atrações mais conhecidas da cidade! Foi construído pelos muçulmanos por volta do século XI. Com a conquista de Lisboa, o primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques, adaptou o castelo para acolher a realeza. Mais tarde o local foi novamente transformado para fins militares.
Hoje o que se vê são ruínas. É possível caminhar pelas muralhas e visitar os pátios internos, mas a melhor parte é na verdade a ampla vista que se tem de Lisboa a partir do miradouro! Se não tem muito tempo na cidade prefira andar pelos arredores e vê-lo de fora.
Saindo de lá, passe pelo Miradouro das Portas do Sol e pelo Miradouro de Santa Luzia para apreciar mais vistas lindas da cidade e do Tejo!
O bairro abaixo do Castelo é a Alfama, histórico e cheio de ruas pequenas e encantadoras! Essa é uma das únicas regiões que não foi totalmente destruída pelo terremoto de 1755. Após um período de abandono e insegurança, o bairro se reergueu e é hoje um dos lugares que mais atrai turistas!
Espalham-se por lá vários restaurantes onde acontecem jantares com show de fado. O fado é um estilo musical triste e intenso, homens e mulheres emocionam soltando a voz acompanhados das guitarras portuguesas.
As opções variam de acordo com o quanto pretende gastar. Um dos lugares que recomendo é o Coração da Sé, os fadistas foram maravilhosos, a comida era boa e o valor pagável.
No bairro alto tem uma opção mais descontraída e bastante concorrida, a Tasca do Chico. O bar, que é apertadinho, abre todas as noites e recebe fadistas mais ou menos a cada meia hora para pequenas apresentações. Não é preciso pagar entrada mas há consumação mínima se sentar nas mesas.
Se quiser saber mais sobre o fado visite o Museu do Fado, ao pé da Alfama.
O passeio pode continuar até a Sé de Lisboa. A grandiosa igreja, que originalmente chama-se Santa Maria Maior, foi construída após a expulsão dos mouros da cidade, por volta do século XII. O estilo arquitetônico é uma mistura de românico e gótico, mas sofreu várias alterações ao longo dos anos.
Já que está perto, vá conferir a fachada diferente da Casa dos Bicos, sede da Fundação José Saramago.
Ah, e se gostou da Ginjinha do primeiro dia, aproveite para tomar outra aqui na Alfama, dessa vez no copinho de chocolate!
Se tiver mais tempo e interesse, pode ainda encaixar nesse dia a região da Graça, com algumas das vistas mais amplas da cidade, o Panteão Nacional, a Igreja de São Vicente de Fora e a tradicional Feira da Ladra, que acontece às Terças e Sábados.
Confira aqui um roteiro pela Graça e São Vicente
Dia 4 – Parque Eduardo VII, Avenida da Liberdade e Príncipe Real
Sugiro passar o último dia em Sintra, mas se preferir ficar na capital, aqui vai uma ideia do que visitar!
Pode começar o dia com uma caminhada tranquila no Parque Eduardo VII. Além de uma vista diferente cidade, o parque tem o simpático café Linha D’Água.
Para chegar lá desça na estação São Sebastião do metrô (para começar por cima) ou Parque (para começar por baixo).
Ali ao lado fica o El Corte Inglês, que tem o conceito parecido com as Galeries Lafaiette em Paris. Se tiver em busca de compras mais sofisticadas vai gostar de conhecer.
Desça até a rotatória do Marquês de Pombal e continue seguindo pela Avenida da Liberdade. É a Champs Elisées lisboeta, com calçadas largas e agradáveis, lojas de luxo, cafés, hotéis e restaurantes.
Ao fim da avenida, pode optar por pegar o Elevador da Glória para chegar ao Miradouro de São Pedro de Alcântara, um dos mais lindos de Lisboa!
De lá pode subir para o hypado Príncipe Real, onde vai encontrar os bares e restaurantes mais cool da cidade! O coração do bairro é a Praça do Príncipe Real onde o quiosque central convida para “beber um copo” no fim da tarde!
Se sobrar tempo, ainda dá pra encaixar a Basílica e Jardim da Estrela e umas voltinhas pela região do Campo de Ourique.
Uma outra opção para esse dia é explorar o lado mais moderno de Lisboa, o Parque das Nações.
Outras opções
Tem mais dias em Lisboa? Existem vários lugares bem pertinho da capital que valem o bate-volta!
- Óbidos: Uma vila medieval amuralhada! Berço da Ginjinha, Óbidos é uma cidade encantadora e fica há pouco mais de 1h de Lisboa! Leia mais aqui.
- Sintra: A cidade é uma graça, cheia de palácios e castelos! O trem saí da estação do Rossio e a viagem não demora mais que 40 minutos! Sintra também tem praias maravilhosas como a da Ursa e a do Magoito, mas é mais fácil se estiver de carro. Leia mais aqui.
- Cascais: É uma ótima opção para aliar cidade histórica + praia. Super fácil e rápido de chegar de trem a partir da estação de trem Cais do Sodré.
- Setúbal e Sesimbra: Atravessando o rio vai encontrar praias paradisíacas nessas cidades, como a da Ribeira do Cavalo! Leia mais aqui.
Se pretende continuar a viagem até o Porto, veja dicas aqui!
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O que comer?
A cidade está cheia de lugares diferentões, mas se quiser comer como os alfacinhas (gíria para lisboetas), dê preferência as tascas! São lugares mais simples, mas a comida é mais barata e geralmente muito boa!
Alguns dos pratos mais famosos em Lisboa são o bacalhau à Brás, bacalhau ou polvo à lagareiro, choco frito, sardinhas assadas, pregos e bifanas. Para a sobremesa há o clássico pastel de nata, o leite creme, os tradicionais doces conventuais e diversas outras opções.
Acompanhe tudo isso com um vinho verde ou uma imperial e termine com uma dose de vinho do Porto ou uma Ginginha!
Guia de sabores portugueses: Comidas típicas de Portugal
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Veja aqui uma lista de restaurantes vegetarianos em Lisboa!
Língua
Embora brasileiros e portugueses falem a mesma língua, algumas palavras e expressões têm um significado completamente diferente! Confira aqui alguns termos diferentes entre o Português de Portugal e o Português do Brasil!
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