No saguão da estação de trem não há um turista que não pare para ouvir a Tarantella, animadamente interpretada por um grupo de velhinhos ao redor do piano. Os mais atentos seguram com força as mochilas e dividem a atenção entre os cantores e os possíveis trombadinhas, de quem tanto fala-se!
Na Piazza San Domenico Maggiore um garoto chuta a bola de futebol, que por pouco não quebra as vidraças do restaurante. O outro ri e corre para buscá-la. A garçonete olha feio. De novo.
Na mesma praça, casais de namorados, grupos de amigos e mães e filhas sentam-se para almoçar. O pedido é sempre o mesmo, pizza marguerita! Algum tempo depois chegam às mesas pizzas individuais, de massa fininha e sem muito recheio. A verdadeira pizza napolitana!
O zunido das lambretas e outras motos não tão charmosas é incessante. Não pára nunca e vem de onde menos se imagina. Se não quer ser atropelado, saia da frente, catzo!
Esse é o cenário em Nápoles. Caótico, barulhento, descuidado e ainda assim cativante!
Ficamos apenas um dia. Foi o suficiente para ter uma ideia geral da cidade mas não para conhecer tudo que queríamos.
Chega-se facilmente de trem à partir de Roma e dá pra combinar com uma visita ao vulcão Vesúvio, à Costa Amalfitana e à paradisíaca Ilha de Capri!
A cidade pode ser bem explorada a pé e de metrô, embora comprar bilhetes às vezes não seja das tarefas mais fáceis.
Ficamos hospedados no La Controra Hostel e a experiência foi muito boa! Staff simpático, quartos amplos e café da manhã incluído! O lugar fica a aproximadamente 20 minutos a pé do centro histórico de Nápoles.
Ouvi muito sobre ser uma cidade perigosa, mas não acho que precise de tanta preocupação. Senti que foi necessário sim ficar bem atenta às bolsas e mochilas e a qualquer conversinha que cheirasse a golpe. Além de evitar becos escuros e mais afastados, mas nada além disso.
Roteiro de um dia em Nápoles
Banhado pelas águas do Mar Tirreno, o Castel dell’Ovo é um bom lugar para começar seu roteiro. A fortificação do século XII pode ser visitada gratuitamente e oferece uma bela vista da agradável orla napolitana e do Vesúvio.
Curiosidade: O castelo tem este nome devido a uma lenda de que um ovo foi enterrado naquele local e quando quebrar, a cidade de Nápoles ruirá!
Já caminhando em direção ao centro histórico vai encontrar a Piazza del Plebiscito. As duas principais construções dessa imensa praça são o Palácio Real e a Basilica San Francesco da Paola.
A poucos metros fica a Galleria Umberto I. Se já foi à Milão vai notar a enorme semelhança com a Galleria Vittorio Emanuele II. O luxuoso prédio com domos de vidro e um enorme mosaico no chão com os signos do zodíaco abriga restaurantes e lojas de grife.
Aqui você pode fazer um pequeno desvio para conhecer um dos principais cartões postais de Nápoles, o Castel Nuovo (ou Maschio Angioino)! Embora o entorno não o favoreça muito, chama atenção por sua imponência e o curioso fato de ter um arco triunfal renascentista no meio de grandes torres medievais. Dentro do castelo funciona atualmente o Museu Cívico da cidade.
Siga o passeio pela Via Toledo, uma extensa e movimentada rua cheia de lojas, restaurantes e cafés. É uma boa hora para experimentar o tradicional cannoli ou tomar um delicioso gelato italiano.
A certa altura vai reparar nas estreitas ruas transversais com prédios antigos e mal cuidados e roupas penduradas para fora. É o Quartieri Spagnoli, uma das regiões mais originais da cidade. É a Nápoles dos filmes e do nosso imaginário.
O Museu Arqueológico Nacional de Nápoles (MANN) é um dos mais importantes para a história do Império Romano! Entre outras obras, seu acervo conta com afrescos, esculturas e outros objetos da antiga cidade de Pompéia. Infelizmente não conseguimos conhecer, fica corrido para um roteiro de um dia. Mas se puder, não deixe de ir!
Outro lugar fantástico para quem gosta de arte é o Museo Capella San Severo. A entrada não é barata, mas é indescritível ver de perto o magnífico Cristo Velato. A escultura do napolitano Giuseppe Sanmartino retrata Jesus Cristo morto debaixo de um véu transparente! Em mármore!
Na capela há também outras obras como esculturas, afrescos e a bizarra Macchine anatomiche, dois corpos humanos com ossos e sistemas arteriais expostos.
Nos arredores do centro histórico fica um dos lugares mais fofos de Nápoles, a Via San Gregorio Armeno, conhecia como Rua dos Presépios!
Imagine uma rua forrada de lojas com coisas para montar presépio! (quem ama natal vai entender minha animação! 🙂 ) Tem absolutamente tudo o que você possa imaginar! Personagens, enfeites e cenários que são verdadeiras obras de arte! Os artesãos costumam fabricar as peças ali mesmo, em seus ateliers.
Ao passar pelas lojas de souvenir vai ser impossível não reparar em uma figurinha vestida com largas roupas brancas, uma máscara preta e um chapéu pontudo. É o Pulcinella, um símbolo da cidade! O personagem é conhecido por ser desajeitado, preguiçoso e aprontar com todos a sua volta. Mas é ao mesmo tempo amável e divide com os napolitanos o interesse por comer, beber e cantar.
Sugiro terminar a noite em um dos bares-restaurante da Piazza Bellini. É um lugar bem agradável, com clima descontraído e comida boa!
Falando em comida, não deixe de provar a pizza marguerita! Diz-se que o sabor foi inventado em uma pequena pizzaria napolitana chamada Brandi. Outras pizzarias muito famosas na cidade são a Port’Alba, que ostenta o título de mais antiga do mundo e a Da Michele, famosa por ter recebido a visita de Julia Roberts para uma cena do filme Comer, rezar, amar.
De Nápoles partimos para Capri! Se a paradisíaca ilha estiver nos seus planos ou quiser conhecer mais sobre esse destino incrível, clique aqui!
E para um roteiro de trem pelas principais cidades da Itália, clique aqui!
Deixo um mapa com os pontos sugeridos. Você pode também fazer o caminho inverso, começando pelo centro histórico e descendo até os castelos.
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